Eu preciso ser sincera, é difícil estabelecer regras do lado de cá. Por exemplo, sei que prometi fazer devocionais toda segunda, mas aqui estou eu pronta pra simplesmente escrever sobre como tenho me sentido um extraterrestre. Espero, sinceramente, que isso de alguma forma toque o seu coração ou gere aquele sentimento que todos amamos de “puxa vida, não estou só”, já que é isso que eu tenho pra oferecer pra você hoje. Esse poderia ser um texto sobre como nós, cristãos, nos sentimos deslocados por não pertencermos a esse mundo e todas essas coisas mas… Me desculpe, não é sobre isso. Muito do que eu escrevo carrega um pedaço da minha alma, e já quero deixar isso claro: não estou pedindo conselhos. Eu realmente espero que isso não soe tão rude quando pareceu enquanto eu escrevi mas, enfim… Não foi rude. Talvez, escrever esse tipo de coisa seja um grito desesperado do meu coração de saber que eu não estou sozinha nisso.
Okay.
Cá nos encontramos, mais uma vez, enquanto você me lê e eu tento me fazer entender. Quero dizer que essa tem sido uma das grandes batalhas que eu tenho enfrentado. Confesso que ando um tanto quanto cansada de perceber os seres humanos todos olhando para mim do mesmo modo que cães inclinam a cabeça quando não entendem alguma coisa enquanto tentam me entender. Enquanto tentam entender o que eu penso, o que eu ouço, o que digo, o que sou. Ando farta de precisar dar explicações. Não por conta das pessoas, não é esse o ponto. O que me deixa maluca é perceber que eu não vejo ninguém precisando explicar o que vive, enquanto eu preciso explicar por que gosto do meu cabelo curto.
Mais uma vez, o problema não está nas pessoas. Não são elas que me deixam encucada. Sou eu! Sim. Será mesmo que eu sou tão excêntrica ao ponto de não conseguir expressar a essência que eu carrego? Eu não sei se é o contexto social, se sou eu mesma, se é a posição do Sol… Mas a sensação de incompreensão (não da parte de Deus, depois quero te contar sobre onde isso tudo termina) tem me acompanhado constantemente. Não sentir-se adequada, ou sei lá eu.
Ouço canções que ninguém ouve, cheias de barulhinhos e tão lentinhas que, se você não for forte o bastante, pode cair em sono profundo só de piscar. Penso sobre coisas que ninguém pensa, como a composição de garrafas plásticas e por que bebemos leite de vaca se não nascemos de uma vaca. Falo sobre assuntos que ninguém (aparentemente) está afim de conversar e desinteressam as pessoas muito facilmente. Entro em discussões que, pra mim, não fazem sentido algum enquanto queria debater sobre qualquer outra coisa, como a criatividade exagerada de Deus em criar diferentes espécies de árvores. Seria realmente complicado viver desse jeito sozinha, e ainda bem que eu não estou sozinha.
Queria te contar sobre o quão precioso é ouvir a gargalhada de Deus quando eu faço palhaçadas. É um privilégio dizer a Ele “eu Te amo” e sentir que Ele sabe exatamente o peso de cada uma dessas palavras sem precisar que eu explique absolutamente nada. Nem uma linha a mais, nem uma entonação diferente. Nenhuma falha de interpretação, ou ponta de dúvida. Nesse lugar toda explicação é sem sentido. Ajoelhar-me aos Seus pés e chorar com a certeza de que Ele entende com precisão o que cada lágrima carrega é definitivamente único. Vai ver esse é o tipo de conexão que eu tenho buscado por aí. Eu sei que é complicado.
Pera, eu acho que acabei de chegar a uma conclusão.
Desculpa, esse texto tá bem no sense. Tá bem eu.
Quero pedir desculpas pra você, se algum dia eu cobrei de você um tipo de conexão que você não podia oferecer (mesmo que no campo das ideias). Queria confessar que eu tenho essa mania chata de pressupor a reação e os pensamentos das pessoas. Essa mania ridícula de pensar que todos estão andando no mesmo ponto da jornada que eu e, inclusive, que a jornada é a mesma que a minha. Perdão, tá? Quando eu cobrei de você, mesmo sem te conhecer, um entendimento que eu tinha sobre a vida. Eu não sei onde você está na sua jornada. Não sei o que já aprendeu, ou deixou de aprender. Espero que a gente possa crescer juntos. Espero que eu seja mais empática com você (e você comigo também).
Eu continuo sendo alguém escondido demais pra se conectar profundamente, mas acho que posso tentar amenizar as coisas.
Se você entendeu o que eu escrevi, não sabe como estou feliz. É sério. E se não entendeu, tudo bem. Não vou cobrar que você entenda devaneios tão complicados no meio da sua vida tão corrida. Que o seu caminho seja bom, e você supere todas as suas adversidades.
Obrigada por me ler.
Significa muito para mim.