Sinto constantemente uma necessidade absurda de sumir. Não é tão triste quanto seus pensamentos fizeram soar. Na verdade, estou cansada de ver as pessoas olhando pra essa parte de mim com “pena”. Como amiga, me sinto obrigada a te dar algumas satisfações acerca do que realmente acontece quando me afasto de tudo, ou de você, ou seja lá do que mais eu me afastar. Talvez grande parte das pessoas que abraçam a solidão não olhem pra ela com os mesmos olhos que eu (e talvez essa grande parte precise realmente de ajuda psicológica, atenção especial e abraços quentinhos).
Meus vinte e poucos anos de vida me fizeram perceber que a maioria das pessoas que conhecem esse meu lado “obscuro” não sabem lidar muito bem com ele… Existem sim os que são tendenciosos à depressão, mas eu nunca me senti parte desse grupo. Existem sim aqueles que se afastam dos amigos e precisam ser resgatados porque ficam mais fracos, mas esse nunca foi o meu caso.
Dois parágrafos pra “ajudar você a lidar”:
Em verdade, em verdade eu te digo: não preciso que você me resgate, mas que me ame e respeite. Não preciso que corra atrás de mim e diga “estou preocupado com você, está tudo bem?” (e, quero deixar claro, que acho isso lindo demais… não se sinta culpado se acaso se sentir assim), só preciso que diga “eu estarei aqui quando voltar”. Tenho duas grandes amigas que aprenderam a lidar com isso de um jeito incrível, gostaria de compartilhar: elas mandam mensagens dizendo “estou com saudades”; “estamos juntas, conectadas”; e mandam áudios engraçados de modo completamente aleatório. É simples! O amor, carinho e consideração que temos umas com as outras nunca muda.
A solidão sempre foi associada à tristeza e acredito que isso aconteceu pelo simples fato de que desenvolvemos uma capacidade desconhecida de ignorar nossa essência. Os momentos à sós nos expõem pura e simplesmente a quem somos de verdade (e algumas pessoas estão aprendendo a aceitar seus verdadeiros “eus”). Mas aqui é diferente, por isso sinto que preciso te explicar.
Eu não escolho sumir: eu preciso.
Não sei se você já teve a sensação se estar no meio de muitas pessoas e, de repente, só desejar estar assentado na sua cama existindo. Eu amo me assentar na minha cama e simplesmente existir! Eu amo colocar minhas músicas favoritas e dançá-las com Deus. Eu amo apagar as luzes à noite, deixar a janela aberta e pensar como a luz tem mais influência sob a escuridão do que o contrário. Amo criar teorias com o Pai que simplesmente me esquecerei em cinco minutos ou fazer planos impossíveis e mirabolantes que não fazem sentido algum. Ruído demais, gente demais e informação demais são coisas que me sufocam.
A solitude me traz alegria. É importante reconhecer que existem pessoas que precisam do contato social pra manter seus relacionamentos, e que olham para a solitude com olhos de solidão. Não há nada errado em não querer estar só, assim como o mesmo se aplica ao fato de desejar isso. A solidão dói, mas a solitude traz paz. Sumir me rejuvenesce, me traz vida, me faz crescer!
Há dias que esses momentos duram só alguns minutos, ou horas. Há momentos que o meu desejo de estar só passa do período de um dia (e houveram situações que isso durou semanas!), mas eu sempre volto. Sempre volto e o tempo longe não esmorece nada em mim: eu continuo a amar com a mesma intensidade.
Eu voltarei, sempre volto (só esteja lá quando esse momento chegar).